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“É muito gratificante ser reconhecida como a mulher mais baruzeira do Mato Grosso do Sul”, diz Elida Martins Aivi

"Me perguntam se sei quantas árvores já plantei, eu digo que não. Mas sei quantas eu quero plantar: a quantidade de estrelas que têm no céu é a quantidade de árvores que quero plantar", conta.

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Letícia Jury

07 de agosto de 2024

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Elida Martins Aivi e seu esposo Antônio da Silva são agrofloresteiros da região de Bonito, em Mato Grosso do Sul. Dentre outras plantações da Chácara Boa Vida, o Baru se destaca. Como ela ressaltou durante entrevista ao nosso portal: “sou agrofloresteira, trabalho com floresta, sou coletadora de sementes, e escolhi o Baru em primeiro lugar, porque eu percebi que estava fazendo muita falta na nossa natureza; é uma planta fácil de cultivo; e além dela tenho variedade de outras plantas, mas o que mais tem é o Baru”.

Filha e neta de agricultores, ela brinca que daqui a algum tempo será a rainha do Baru, embora já seja referência nacional na agricultura. Recentemente, esteve na Bahia para representar os agricultores que cultivam o Baru. Durante a entrevista, ela ressalta também a visita da Universidade Federal de Goiás à sua propriedade, tendo dentre os pesquisadores a professora Mariana Teles, coordenadora do programa Araguaia Vivo. E elegia: “é muito bom a Universidade estar com a gente, eles fazem a pesquisa, muita coisa para ajudar a gente. Isto é ótimo para nós, estar todo mundo junto. Pesquisa científica é uma das melhores coisas”.

Qual a sua história com a terra? Com o Baru?

Meu avô tinha fazenda em Bonito, era agricultor; meu pai também. Bonito é uma cidade de turismo, uma cidade de Agroecologia, e o pessoal de restaurante, hotel, de todos os locais aqui queriam Baru e não tinha mais. Então começamos a plantar o Baru e criei amor pelo Baru. Faço pastagem, agrofloresta, a sustentabilidade dentro da chácara. É uma história que nós temos muito linda, eu e meu esposo plantamos juntos. Sou agrofloresteira, trabalho com floresta, sou coletora de sementes, escolhi o Baru em primeiro lugar, porque eu percebi que estava fazendo muita falta na nossa natureza, e também ter uma renda dentro da nossa propriedade. O Baru é uma planta fácil de cultivo; e além dela, tenho variedade de outras plantas, mas o que mais tem é o Baru.

Há quantos anos vocês plantam Baru?

Há mais de 20 anos. Nós estamos na chácara há 26 anos. Então tem Baru de 15 anos. A cada ano que passava, a gente aumentava o hectare; plantando mais; todo ano a gente planta um pouco mais de Baru. Eu e meu esposo coletamos, para a gente poder vender a polpa dela e também a castanha. Nós temos o gado no meio do baru. 

Recentemente pesquisadores da Universidade Federal de Goiás estiveram na Chácara Boa Vida. Muito interessante esta relação com a pesquisa, não é mesmo?

Eles (os pesquisadores e professores) queriam algumas informações, a história, e eles começaram a vir aqui. Temos Baru de 20 anos para cá; ano passado plantamos 500 pés de Baru. É muito bom a Universidade estar junto com a gente, eles fazem a pesquisa, muita coisa para ajudar a gente. Isto é ótimo para nós, estar todo mundo junto. Pesquisa científica é uma das melhores coisas; eu estava em uma reunião na Bahia, fiquei uma semana representando o Baru e as mulheres que restauram; representei o nosso Baru. 

Hoje a senhora é reconhecida como baruzeira?

É muito gratificante ser reconhecida como a mulher mais baruzeira do Mato Grosso do Sul. A gente brinca que vou ser a rainha do Baru. Mas eu amo trabalhar com Baru, com a natureza. É muito gratificante ver os animais comendo baru, ver o chão forrado. A noite é a vez dos morcegos. Como é gratificante você ajudar a natureza, ter a sua sobrevivência, e comer isso. Eu sobrevivo do Baru e muitos animais também. 

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A palavra é gratidão?

Sim. Sou muito grata a Deus por ter este baruzal de tantos anos. Foram várias etapas, uns já produziram, outros ainda não, ainda vão produzir. Sou muito grata e feliz de ver tantos animais comendo o Baru.Durante o dia, você vê arara, é lôro (papagaio), passarinho, o gado também come; é o bem-estar animal, o gado come a pastagem e está debaixo do pé de baru. É gratificante isso.

A senhora conhece Goiás? O Baru do nosso Cerrado?

Não conheço Goiás, mas quero conhecer. Nós estamos passando um sufoco muito grande com o nosso Pantanal pegando fogo e a gente tem que plantar muito Baru e muita fruta para os animais, porque eles estão com muita fome. Aqueles que não morreram ficaram com muita fome, precisamos preservar mais, muito gratificante preservar a natureza. Sou nascida e criada em Bonito, Mato Grosso do Sul. Sou restauradora também. Me perguntam se sei quantas árvores já plantei, eu digo que não. Mas sei quantas eu quero plantar: a quantidade de estrelas que têm no céu é a quantidade de árvores que quero plantar.

O que é a natureza para a senhora?

Natureza, para mim, é tudo. Fico triste quando vejo cortando uma árvore. Os animais fazem o ninho nela, os animais se alimentam dela, ela dá alimento para a gente e as pessoas cortam para plantar soja. Quando você planta uma árvore, você planta a água, o ar e o nosso alimento. Cada dia que passa, quero plantar mais. Sou guardiã das sementes ancestrais, variedades ancestrais, variedades de milho, feijão, algodão.Eu amo o Baru. 

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