Papa Francisco nos deixou – dentre vários tesouros – a Encíclica Laudato Si, publicada em 2015, um documento que aborda a importância do cuidado com o meio ambiente e a necessidade de um desenvolvimento sustentável e integral. Em um de seus trechos, ele afirma que, mais de cinquenta anos após a encíclica Pacem in terris, na qual o Papa João XXIII propôs uma mensagem de paz ao mundo, dirigia-se agora a todos os habitantes do planeta diante da grave crise ambiental. Papa Francisco propôs um diálogo global sobre o cuidado da casa comum, destacando que a crise ecológica exige não só a ação da Igreja, mas o envolvimento de toda a humanidade.

Ele ressaltou que sucessivos Papas têm alertado sobre os efeitos da exploração irresponsável da natureza. Paulo VI apontou a crise ecológica como resultado da atividade humana descontrolada. João Paulo II insistiu na necessidade de uma conversão ecológica e alertou para a degradação das condições morais e ambientais. Ambos defenderam mudanças profundas nos estilos de vida, nos sistemas de produção e nos modelos de poder, enfatizando que o verdadeiro progresso deve respeitar o ser humano e a natureza.

Bento XVI deu continuidade a esse pensamento, criticando os modelos econômicos que ignoram o meio ambiente e destacando a conexão entre degradação ecológica e crise cultural. Segundo ele, quando o ser humano se coloca como medida de todas as coisas, perde a referência do bem comum e compromete a criação. Ele alertou que, sem reconhecer uma verdade maior, a liberdade se torna destrutiva, e o ambiente passa a ser tratado apenas como objeto de consumo.

São Francisco de Assis é apresentado pelo Papa como modelo inspirador de uma ecologia integral, vivida com autenticidade, alegria e profundo amor pela criação e pelos mais pobres. Em sua opinião, o santo de Assis representa a harmonia entre o cuidado com o meio ambiente, a justiça social e a paz interior, unindo simplicidade de vida, espiritualidade profunda e dedicação ao próximo. Para Francisco, todas as criaturas eram irmãs, unidas por laços de ternura, e sua relação com a natureza ia além do racional ou utilitário — era uma comunhão cheia de encanto, gratidão e respeito. Sua vida nos mostra que a verdadeira ecologia nasce do amor e do reconhecimento da beleza e do valor de tudo o que existe.

Além disso, São Francisco via a natureza como um livro através do qual Deus se revela, refletindo a beleza e a bondade do Criador. Sua espiritualidade nos convida, de acordo com a Encíclica Laudato Si a uma contemplação que transforma: olhar para o mundo com admiração, perceber a presença divina em cada detalhe da criação e agir com sobriedade e reverência. "Essa perspectiva transcende a lógica técnica ou científica e aponta para uma atitude interior de cuidado, humildade e comunhão com tudo o que vive. O mundo, portanto, não deve ser tratado como mero objeto de uso, mas como um mistério que desperta louvor e gratidão", enfatiza Papa Francisco.

Que suas palavras — hoje, mais do que nunca — ecoem pelo mundo!